sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

BEM AMADA°°°


* À SEGUNDA VISTA *

O velho relógio preso na parede caiada, trazia em si a imagem de um homem de braços abertos e acolhedores, de um tímido sorriso e um olhar fixo, petrificado. A hora que marcava eram 21:40, e em menos de um minuto, João Carlos o olhou cinco vezes.
Estava inquieto, impaciente. Esperava alguém e àquela hora lutava com todas as forças para manter viva a esperança de ver quem esperava ver.
A campainha tocou e ecoou por toda a charmosa sala. Ele não perdeu tempo, deu um salto do sofá e abriu a porta.
O olhar dos dois se encontraram profundos, a saudade era grande e forte e precisava rapidamente ser eliminada.
Não se conteram, agarraram-se bruscamente, caindo os dois, ela por cima dele.
Um leve sorriso dos dois, em seguida a escuridão pulsante em suas cabeças davam voltas no mesmo compasso de suas línguas que massageavam-se, vezes lentamente e vezes violentamente.
Tiraram as roupas, ele a dela, e ela a dele. O velho relógio já marcavam 22:10, João Carlos não podia perder tempo, queria logo ainda possuir a linda mulher loira, que com os olhos de luz azul faiscantes de ternura em silêncio pedia a ele que dentro dela entrasse para que assim, seus corpos se tornassem um.
E o ato se consumou. De amor, de ardentes desejos, de loucuras...
E novamente João Carlos voltava a olhar para o relógio, marcando agora 23 horas.
Eles fumaram e se olharam por um minuto inteiro. O clima de romance foi assassinado. João Carlos levantou-se, foi ao banheiro e tomou uma rápida chuveirada, vestiu-se e encontrou a jovem já vestida, sentada na sala, de olhar sério esperando que ele lhe disesse algo.
Ele colocou a mão no bolso, tirou a carteira e de dentro dela uma quantia e estendeu para a bela, ela recebeu e sem contar, guardou. Ele a olhou com um olhar tristonho, ela tentou retribuir o olhar, mas seus pensamentos a deixaram míope.
Ele partiu.
Samira levantou-se, trancou a porta e foi para o quarto.
Samira, era assim que se chamava a bela loira de olhos azuis.
Ela sentou-se de frente ao espelho do criado-mudo, contou a quantia de 500 reais e guardou-a em uma das gavetas.
Ela olhou para si mesma, prendeu o longo cabelo escorrido e à flor da pele caiu em prantos. Deitou-se na cama e chorou, chorou desesperadamente, chorou como uma criança chora, chorava e soluçava, chorou até cansar. Esgotada, adormeceu.


Ig. Queiroz .

Nenhum comentário: